Dez poemas passaram
por minhas veias,
mas só um,
mais tangente,
chegou ao coração
e levantou meu braço esmorecido
e ascendeu minha mais antiga saudade;
o olhar.
Essa luz que bruxuleia
enquanto o inseto voa,
essa passada tímida
que abrevia o fim do dia.
Durante tanta vida
foram morrendo minhas coisas,
por que é impossível
controlar esse intervalo
que me encerra.
Mas de uma dessas coisas
estou certo;
o poema fez revolução
quando alcançou o coração
e tangenciou a eternidade do poeta,
esse feiticeiro
que tenta encantar o crepúsculo
para impedir que
a noite profunda
engula todos os dias,
meus dias entre a infância
e a velhice,
esse lugar que cava a cova.
Mas o poema,
pelo menos um,
ousado de saudade,
curou o coração
e me disse que a solidão
são duas saudades
loucas para se encontrar.
E foi assim,
meio,
inteiro,
completo
quando um poema
alcançou o coração.
~~EDEMILSON RIBAS~~